A ‘Carta dos Direitos dos Pais’ de CT para Pais de Alunos Aprendizes de Inglês Recebe Amplo Apoio em Audiência Pública

Ano passado, o filho mais velho de Flor Callazos se formou no colégio de Bridgeport.

Por Jessika Harkay - CTMirror

Mas a graduação a deixou irritada e humilhada enquanto ela, como mãe que não falava inglês, tentou explorar o processo de matrícula e as bolsas de estudos para a faculdade.

Os conselheiros da escola não queriam falar com ela, ela disse. Ela foi expulsa de uma chamada no Zoom com representantes da escola depois de revelar seu status imigratório, ela disse.

Logo depois, ela se mudou para Trumbull, esperando que o sistema escolar e seus recursos seriam melhores para sua filha de 6 anos.

Até que ela recebeu documentos que não conseguia entender. Após encontrar alguém para traduzir as páginas, ela percebeu que era a respeito da saúde de sua filha. Sem a tradução, ela não teria conhecimento. 

Callazos estava entre várias dezenas de ativistas que falaram ou enviaram depoimentos escritos ao Comitê de Educação em 22 de fevereiro, a favor do Projeto de Lei 6663, ou a criação de uma “carta dos direitos” para pais de alunos aprendizes de inglês.

A carta dos direitos exigiria que os pais de um aluno aprendiz de inglês tenha direito a ter as informações comunicadas no programa de ensino linguístico em que seu filho aprendeu, além da apresentação e clarificação de 17 direitos, incluindo as crianças poderem receber uma educação pública gratuita independente de seu status imigratório e os pais poderem pedir um tradutor qualificado para “interações críticas.”

Outros pais tiveram histórias parecidas à de Callazos.

Rosalina Rojano imigrou do México aos Estados Unidos há 27 anos. Seu filho mais jovem está na sexta série nas Escolas Públicas de Hartford (HPS). Ela disse que quer defender seu filho, mas que nunca poderá, pois ela não fala inglês.

“Eu perdi toda a confiança de poder ligar para a escola do meu filho, pois eu sei que nunca haverá alguém para falar comigo,” Rojano escreveu num depoimento público. “Eu quero saber mais sobre os meio dias que as HPS oferecem; quero informar à escola quando meu filho está doente e não pode ir às aulas, quero poder ligar para a escola quando algo acontecer na vida do meu filho e isso possa prejudicar sua educação. Eu nunca poderei fazer nada disso, porque a escola não tem ninguém que fale meu idioma disponível para ajudar.” 

E para Sayda Alverto, que vive em Bridgeport, ela passou os últimos cinco anos sem saber que seu filho foi transferido às aulas regulares em vez das aulas para aprendizes de inglês.

Ninguém contou para ela sobre a transferência e ela diz que nunca recebeu os boletins escolares de seu filho para saber se ele foi aprovado ou se estava se saindo bem nas aulas.

A audiência abriu com um comentário da Comissária do Departamento de Educação estadual, Charlene Russell-Tucker, que deu seu apoio ao projeto de lei, dizendo que a lei poderia ajudar a população crescente de mais de 45.000 alunos aprendizes de inglês em Connecticut.

“Uma base do trabalho da agência sempre foi garantir o acesso e a oportunidade educacional,” Russell-Tucker testemunhou. “Para alcançar isso e atender às necessidades dos alunos aprendizes de inglês/multilíngues, devemos formar os apoios sistêmicos neste projeto de lei a nível local.”

O Representante Devin Carney, R-Old Lyme, levantou preocupações quanto ao projeto de lei, incluindo o custo de ter um tradutor qualificado e como estabelecer recursos confiáveis para ajudar os pais não-falantes de inglês, principalmente de outras línguas além do espanhol.

“Uma de minhas preocupações é o número de pessoas que teremos para realizar esses serviços,” Carney disse. “Em uma de minhas cidades, há uma grande comunidade brasileira e seu idioma primário é o português. Às vezes, pelo que ouço, pode ser difícil encontrar o número de pessoas realmente necessário para ajudar todas as crianças que falam português como idioma primário. E também há um grande número de outros idiomas primários que os alunos falam.”

Russell-Tucker rebateu alegando que para alguns distritos, as barreiras de idiomas não são uma “nova situação” e são algo que estiveram tentando combater há anos.

“Este projeto de lei garantirá que estamos solidificando essa discussão importante,” ela disse. “Não deveríamos criar desculpas para apoiar os alunos aprendizes de inglês de nosso estado.”

O Representante Antonio Felipe, D-Bridgeport, que apoiou o projeto de lei, também teve um sentimento semelhante ao de Carney e perguntou ao Departamento de Educação se ele estaria disposto a trabalhar com os legisladores para garantir que caso um distrito escolar não tenha os recursos apropriados, ele possa pedir às cidades vizinhas.

“Isso é algo que certamente teríamos que trabalhar com nossos distritos para continuar a ter essas discussões, pois isso é importante,” Russell-Tucker disse.