Somos Culpados?

Nesses dias, todos ao seu redor parecem achar que têm todas as respostas para tudo. É difícil falar algo sem que alguém lhe corrija. Há um motivo por isso. As pessoas odeiam a incerteza, e se conseguem criar um entendimento do mundo que é consistente, elas vivem bem mais felizes.

Por Dr. Robert B. Golenbock

Nesses dias, todos ao seu redor parecem achar que têm todas as respostas para tudo. É difícil falar algo sem que alguém lhe corrija. Há um motivo por isso. As pessoas odeiam a incerteza, e se conseguem criar um entendimento do mundo que é consistente, elas vivem bem mais felizes. Infelizmente, a verdade nem sempre é óbvia, e a relação entre duas coisas nem sempre é clara. Para citar dois exemplos triviais, não há provas claras de que as pessoas se comportam pior quando a lua está cheia, e as crianças não ficam mais hiperativas depois de comer muito açúcar. Mas posso apostar que não vou convencer todo mundo. Nos dias de hoje, não bastam só os fatos. 

Mas pior ainda que uma série constante de críticas de pessoas que nos tentam convencer de que temos o pensamento e o comportamento errados é uma série constante de autocríticas dos pais que se sentem uns fracassados. Há alguns anos, eu pensei que seria divertido escrever um manual para os pais que os absolveriam da culpa que geralmente jogavam sobre si mesmos. Eu cheguei à conclusão de que os pais precisam se parabenizar por fazer o melhor que podem. Caso eu não esteja sendo claro, vou dar mais alguns exemplos. 

A menos que você seja uma alcoólatra, as bebidas que você pode ter bebido antes de perceber que estava grávida apresentam muito pouco risco de prejudicar seu bebê não-nascido. Essas bebidas podem ter sido o motivo pelo qual você engravidou, mas você ficará bem se deixar de beber álcool assim que descobrir que está grávida. Se parabenize também por não fumar (nada), por não ingerir cocaína, e por garantir que não haja nenhum ópio em sua casa. Um bebê que toca algo com ópio e depois põe sua mão com a substância na boca pode morrer! Parabéns por fazer o melhor que pode para limpar a casa de venenos, detergentes, água sanitária, lascas de tinta que podem conter chumbo, e cordas de cortinas que podem estrangular as crianças pequenas. As crianças menores principalmente não têm o entendimento de causa e efeito, e podem se mover o suficiente para entrar em perigo, não importa o quanto tentemos evitar. Eles vão cair, bater suas cabeças, pôr coisas na boca que não devem pôr, quebrar seus móveis, e jogar tudo no vaso sanitário. Se você tem portão infantil para evitar que fiquem longe das escadas, proteções para evitar que caiam das janelas, e lugares onde esconder suas coisas que você não quer que eles toquem, parabenize-se. Alguns alimentos também são perigosos. Lembre-se, não dê amendoim ou pipoca para crianças abaixo de 4 anos. Parabenize-se ainda mais por acrescentar pequenas quantidades de manteiga de amendoim em alimentos assim que seu filho começar a comer alimentos sólidos. Isso reduzirá o risco de alergia a amendoim. 

Evitar acidentes é o dever de todos. Mas há comportamentos nos bebês e crianças pequenas que são inevitáveis e isso não é culpa de ninguém. Caso seu bebê tenha cólica, fale com seu pediatra. Em geral, o problema é que a criança acumula gás e precisa de estímulo manual da abertura anal para aliviar a dor. Às vezes, a dor crônica é causada por problemas que são difíceis de identificar – principalmente se uma criança não souber se comunicar. O autismo e outros problemas de desenvolvimento fazem com que os pais sintam culpa, mas é importante perceber que a culpa não é dos pais.

Ser um pai é um trabalho sobrecarregado. E ao acrescentar os problemas econômicos e ter que sair de casa para trabalhar, os pais geralmente sentem que estão abandonando seus filhos. Os problemas de saúde, incluindo os problemas de saúde mental, podem levar à desesperança. Se você está fazendo o melhor que pode, não se culpe. É importante saber onde encontrar ajuda. Não pense que você precisa fazer tudo sozinho. Comece com sua família, sua comunidade e seus conselheiros médicos e religiosos. As pessoas que estão realmente do seu lado não estão interessadas em apontar dedos para você. Elas o querem ajudar a ter sucesso. Vamos todos abraçar nossos filhos e nos parabenizar pelo que conseguimos fazer. 

Robert B. Golenbock, MD, está atualmente aposentado. Ele cuidou de crianças na área de Danbury por 43 anos, incluindo no Centro de Medicina Pediátrica. O CPM está localizado no endereço 107 Newtown Rd #1D, Danbury, CT 06810. Para mais informações, por favor ligue para (203) 790-0822 ou acesse https://centerforpediatricmedct.com.