Leitores com Perguntas sobre o Autismo

Certa vez, uma especialista em medicina do desenvolvimento me disse, “O autismo não é uma doença, é um processo.” Com isso, ela quis dizer que o autismo é um espectro de problemas e – mais importantemente – o arco desse transtorno pode melhorar com o tratamento.

Por Dr. Robert B. Golenbock

Um de nossos leitores quis saber como podemos melhorar a aceitação dos pais de um diagnóstico de autismo, e a parte mais importante da resposta está no seguinte conceito: quanto mais cedo identificarmos o problema, melhores os resultados. Ninguém duvidaria de tal declaração se fosse feita quanto à pneumonia, às doenças cardíacas ou ao câncer. Porém, quando se fala de problemas relacionados às funções cerebrais, as pessoas parecem tomar o diagnóstico como insulto. Diagnosticar alguém com ansiedade ou depressão não é uma crítica de seu caráter, assim como identificar uma criança como autista não é uma crítica à criança ou aos seus pais. Este é o primeiro passo para entender o problema da criança e ajudá-la a se integrar na sociedade.

Já sabemos que o transtorno do espectro autista (TEA) é uma deficiência de desenvolvimento que afeta como as pessoas aprendem, se comunicam, interagem e agem. E aprendemos que esse espectro abrange diversos grupos. O espectro reflete as diversas capacidades de pessoas as quais chamamos às vezes de neuro divergentes. Alguns sintomas comuns do TEA são:

  • Dificuldade com comunicação e interação social 
  • Comportamentos ou interesses limitados ou repetitivos 
  • Diversas formas de aprender, se movimentar ou prestar atenção 
  • Dificuldade em trocar de uma atividade para outra 
  • Foco maior em pequenos detalhes
  • Reações incomuns a sensações 

Quando o comportamento foca primeiramente na atenção, podemos diagnosticá-lo como TDAH. Quando o comportamento foca primeiramente em como o mundo é interpretado, podemos não o identificar como autismo por vários anos ou até décadas. Porém, quando percebemos que uma criança está com dificuldades de fala, de comunicação ou de socialização, temos o dever de agir imediatamente e encontrar um especialista para ajudar a quebrar as barreiras isolando a criança.

Em tempos antigos, quando o tratamento médico adequado ainda não existia – voltando nos tempos bíblicos – as pessoas eram banidas por doenças como problemas de pele. Até mesmo no século vinte, as pessoas por algum motivo se sentiam envergonhadas de serem diagnosticadas com câncer. Agora, pense em qual seria sua reação imediata às seguintes doenças: lepra, tuberculose, AIDS. Você sente medo? Preocupação? Nojo? A lepra hoje se chama Hanseníase. Ela é causada por bactérias relacionadas àquelas que causam a tuberculose. Tanto a tuberculose quanto a Hanseníase são difíceis de contrair, tratáveis e exigem contato próximo persistente para sua transmissão. Por vários anos, os estabelecimentos médicos e do governo ignoraram as pessoas com AIDS, e algumas consideravam essa doença como um castigo por comportamentos julgados imorais. Hoje, sabemos que a AIDS é causada por um vírus atualmente incurável, mas que pode ser tratado e impossível de ser transmitido por contato casual. Do mesmo jeito que nossas atitudes contra doenças mentais e abuso de substâncias melhoraram depois de aprendermos mais sobre suas causas e tratamentos. Nos últimos 3 ou 4 mil anos, desenvolvemos lentamente uma abordagem mais madura e educada.

Não podemos perder tempo sentindo medo ou criticando um problema quando podemos ajudar as pessoas a obterem tratamento. Quando vemos uma criança com problemas de fala, que não faz contato visual ou interage com as pessoas, que continua se isolando muito tempo depois que outras de sua idade aprendem a interagir, ou que se estimula balançando seus braços para aliviar a ansiedade, não podemos esperar que a criança supere tudo isso. Identificar o problema é o primeiro passo para corrigi-lo. Porém, isso requer aceitar a possibilidade de que há um problema. Hoje, muitos pediatras fazem exames de rotina por atrasos no desenvolvimento. Os pais devem pedir mais explicações ao compartilharem preocupações sobre seus filhos, e devem estar prontos para aceitar a responsabilidade de cuidar de seus filhos caso um problema seja identificado.

Robert B. Golenbock, MD, está atualmente aposentado. Ele cuidou de crianças na área de Danbury por 43 anos, incluindo no Centro de Medicina Pediátrica. O CPM está localizado no endereço 107 Newtown Rd #1D, Danbury, CT 06810. Para mais informações, por favor ligue para (203) 790-0822 ou acesse https://centerforpediatricmedct.com.