Falando Abertamente sobre Abuso Infantil

Eu tenho certeza que no decorrer de minha longa carreira, eu evitei tocar em várias questões durante minhas consultas de rotina. Eu sempre acreditei que receber conselhos demais de um médico pode ser desgastante. A criança e os pais vão embora sem se lembrar de nada. Mas há tantas questões!

Por Dr. Robert B. Golenbock

Eu tenho certeza que no decorrer de minha longa carreira, eu evitei tocar em várias questões durante minhas consultas de rotina. Eu sempre acreditei que receber conselhos demais de um médico pode ser desgastante. A criança e os pais vão embora sem se lembrar de nada. Mas há tantas questões! Segurança, dieta, exercício, ler para o seu filho, dar espaço para os filhos, evitar elogiar ou criticar a aparência de um filho excessivamente. Mas uma questão que sempre deve ser enfatizada – e que eu certamente enfatizei – é o abuso infantilÉ muito difícil abordar este assunto adequadamente. O que alguém quer dizer aos pais geralmente não pode ser dito em frente das crianças e vice-versa. Talvez eu possa ajudar alguns pais com esta discussão. 

Existe o abuso físico, o abuso sexual (físico) e também o abuso emocional. Vamos abordar todos de cada vez. O abuso físico é um castigo que pode ser bater, usar um objeto para machucar uma criança ou machucá-la com palmadas. Sim, as palmadas já são usadas há muito tempo como castigo, mas várias pesquisas determinaram que elas nunca foram eficazes como desestímulo ao mau comportamento. E vamos deixar isso claro: há uma diferença entre a disciplina e o castigo. A disciplina é uma forma de treinamento que gera bom comportamento. O castigo é uma forma de machucar alguém porque o castigador está com raiva e não consegue controlá-la. Todos os pais sentem raiva. Eu sugiro que você pense no que vai fazer da próxima vez que você ficar com raiva de seu filho. Ligue para alguém. Vá para outro cômodo da casa. Ponha a criança de castigo. Conte até 100 (em inglês! É uma boa prática. Ou se você fala inglês, aprenda a contar até 100 num idioma que você está menos acostumado.) Em resumo, o “castigo corporal” – machucar uma criança como forma de ensiná-la – nunca é uma boa ideia. Além disso, os pais precisam ensinar os seus filhos a nunca permanecerem em silêncio se alguém os ferir fisicamente – principalmente se for um adulto ou até mesmo um parente. Não devem haver segredos, os pais devem tentar desenvolver uma relação com seus filhos para que não haja nenhum.  

O mesmo se aplica ao abuso emocional, embora várias pessoas tenham muito mais dificuldade de reconhecê-lo. Os pais não estão proibidos de corrigir ou criticar seus filhos, mas isso não deve ser feito por raiva ou de uma forma que faz com que a criança se sinta completamente inadequada. A crítica é algo muito difícil de se fazer corretamente. É importante lembrar que você não deve confundir a criança sobre o seu comportamento. Dizer, “Você é um menino mau” é bem menos útil do que dizer, “Você se comportou mal.” Dizer, “Você sempre faz bagunça” ou “Você nunca presta atenção” também são menos úteis do que ser mais específico (“Eu quero que você limpe o seu quarto hoje” ou “Agora, vamos tentar ouvir melhor um ao outro”). Uma agressão verbal causada por raiva pode ser pior do que uma agressão física. As crianças bem pequenas, em particular, são mais sujeitas a se comportarem mal e serem castigadas, pois elas preferem receber um grito do que serem ignoradas. Uma regra simples é elogiar uma criança 10 vezes a cada crítica.  

O tópico de abuso sexual nunca deve ser ignorado. As crianças precisam saber que qualquer comportamento vindo de um adulto ou de uma criança mais velha que as deixam desconfortáveis não é aceitável, e que elas devem contar isso para alguém que elas confiam imediatamente. Isso inclui comentários sobre seu corpo, além de toques ou pedidos por ações íntimas. Se um pai ficar ciente de um ato sexual forçado, ele deve chamar as autoridades. Seu pediatra pode ajudar. Não entre em pânico! Os pais devem abordar o tópico de abuso sexual. Nós ouvimos falar do “cuidado com os estranhos,” mas grande parte dos abusadores sexuais são bem conhecidos pelos parentes. Geralmente, os abusadores moram na mesma casa ou no mesmo edifício. Nunca ignore os comentários ou as acusações de uma criança. Às vezes, você verá uma mudança repentina de comportamento e, nesses casos, você deve fazer perguntas insistentes, mas com gentileza.      

As crianças merecem um espaço seguro onde crescer. E os pais precisam oferecer esse espaço.  

 

Robert B. Golenbock, MD, está atualmente aposentado. Ele cuidou de crianças na área de Danbury por 43 anos, incluindo no Centro de Medicina Pediátrica. O CPM está localizado no endereço 107 Newtown Rd #1D, Danbury, CT 06810. Para mais informações, ligue para (203) 790-0822 ou acesse https://centerforpediatricmedct.com.