Eu sempre gostei de explicar o desenvolvimento inicial dos bebês. Os três primeiros meses são críticos, mas por mais incrível que pareça, esses três primeiros meses são mais como os nove meses de gestação do que os meses e anos seguintes do desenvolvimento infantil. Isso mesmo, o seu bebê precisa, na verdade, de 12 meses de gestação, mas os últimos três meses se passam fora do útero! Eu vou lhe dizer por que isso é verdade e o que realmente está acontecendo. 

A característica mais importante dos humanos, penso eu, é a nossa inteligência. Em termos simples, um cérebro maior é necessário para realizar todas as coisas complexas que os humanos fazem. Porém, o problema é que se a cabeça de um bebê for muito grande, o bebê pode não nascer com segurança. Em dezenas de milhares de anos antes da medicina moderna, havia um equilíbrio óbvio entre o crescimento do cérebro em nossos ancestrais pré-históricos e a necessidade do bebê passar pelo canal de parto. Até hoje, há partos que necessitam de assistência – até de cirurgias – para permitir que o bebê nasça sem ser machucado.  

E é aqui que a história fica realmente fascinante, mas você precisa entender um pouco de biologia primeiro. O cérebro opera criando conexões complexas entre as células cerebrais, chamadas de axônios. Os axônios são como longos fios que conectam os eletrônicos e as máquinas. Cada axônio pode enviar uma forma de corrente elétrica de uma célula a outra. E assim como os eletrônicos e as máquinas em nossas casas, a corrente pode vazar se o fio não for protegido. Este é um dos motivos pelos quais os fios de cobre são revestidos.  Agora, imagine que você tem mil fios de cobre. Se você pudesse, de alguma forma, conectá-los corretamente numa caixa, eles podem exigir muito espaço. Mas se você precisasse revestir os mesmos mil fios para fornecer uma melhor conectividade, esses mesmos fios precisariam de muito mais espaço. E é exatamente isso o que a natureza fez. O bebê a certo ponto precisará que todos os seus axônios precisem ser cobertos com uma substância chamada de mielina para permitir uma melhor propagação de impulsos (conexões mais rápidas). Mas o processo de mielinização não ocorre realmente antes do parto. Caso contrário, a cabeça do bebê seria grande demais. Em vez disso, este processo ocorre durante os três primeiros meses de vida.  

Eu vou explicar por que é tão importante que você conheça essa informação num segundo. Mas antes, eu quero lhe assegurar de que o que você faz nesses três primeiros meses – o que todas as mães fizeram, desde as primeiras mães do mundo – ainda é importante. Segurar o seu bebê, cantar para o seu bebê, beijar o seu bebê, usar aquela voz fininha que você nem sabia que tinha. Todas as formas que você estimula os sentidos do seu bebê são muito importantes, e você está ajudando a desenvolver o cérebro do seu bebê fazendo tudo isso. Mas as capacidades do cérebro de um bebê são bem limitadas durante esses três primeiros meses enquanto o processo de mielinização está ocorrendo e a cabeça está crescendo rapidamente. Os bebês reconhecem o contraste (a diferença entre luminoso e escuro), sendo assim, às vezes, em vez de olhar para o seu rosto – a menos que você esteja amamentando e o seu rosto esteja em foco nítido – o bebê parece estar olhando para o que está atrás do seu ombro. No começo, os bebês apenas dormem ou comem, pois eles não lhe reconhecem como uma pessoa. Eles não têm um verdadeiro sentido de compreensão própria. O instinto materno lhe mantém trabalhando para o seu bebê sem nenhuma real recompensa. 

E então, o milagre acontece. Algum tempo depois dos três meses de vida, o seu bebê vê o seu rosto e sorri. O bebê realmente está lhe reconhecendo. Parabéns por chegar a este marco importante! 

Robert B. Golenbock, MD, está atualmente aposentado. Ele cuidou de crianças na área de Danbury por 43 anos, incluindo no Centro de Medicina Pediátrica. O CPM está localizado no endereço 107 Newtown Rd #1D, Danbury, CT 06810. Para mais informações, ligue para (203) 790-0822 ou acesse https://centerforpediatricmedct.com.