Uma Segunda Análise: O Problema Difícil de Interpretar a Ciência
Estudar pesquisas científicas é complicado por diversos motivos.
Em primeiro lugar, os humanos não vivem em tubos de ensaio. Há diversos outros fatores afetando suas vidas. Em segundo lugar, as pessoas que pesquisam nem sempre deixam fácil de entender o que fizeram. Em terceiro lugar, às vezes, há tentativas intencionais de falsificar os resultados. Há de se lembrar que o estudo falso ligando o autismo às vacinas foi solicitado por um advogado que queria lucrar processando as empresas farmacêuticas. O resultado foi que os pais amedrontados atrasaram a vacinação de seus bebês e alguns morreram. Vamos dar uma olhada em outro exemplo atual.
Desde os anos 80, houve estudos analisando o efeito de certos medicamentos usados por mulheres grávidas no desenvolvimento cerebral de seus filhos. Você já pode ver a relação aqui: o resultado para os advogados que conseguem convencer os jurados da validez de seus casos é imenso. E lembre-se que os advogados não precisam provar que seu caso é cientificamente exato. O outro fator de complicação é que um certo número de crianças nascerá com desordens neurológicas, não importa se a mãe tomou medicamentos ou não. Mostrar uma diferença estatística pode ser bem desafiador. Eu lhes aviso que há muitas informações online que são bem assustadoras, mas que não são exatas.
Se você pesquisar “Tylenol e autismo,” você encontrará inúmeros artigos – e muitos advogados – pedindo que você preste atenção em seus argumentos. Sua ciência verdadeira, no entanto, é bastante fraca. Digo isso porque as informações são publicadas no Facebook e outros sites de mídias sociais não-científicos. Eu venho analisando esse problema há um tempo. A pesquisa mais importante de todas foi publicada em março desse ano, após vários anos de avaliação de dados. E essa é a conclusão: Atualmente, não há quaisquer evidências fortes de que o uso de acetaminofeno ou paracetamol durante a gravidez cause autismo ou TDAH nas crianças. Grupos de especialistas seguem recomendando o uso dos medicamentos na gravidez se necessário e em consulta com um médico.
Eu lhe apresento essas informações tanto para aliviá-lo quanto para lembrá-lo de que o Dr. Google não é necessariamente sua melhor fonte de informação. Caso tenha dúvidas sobre algo que ouviu ou leu, pergunte a seu pediatra. Você também pode escrever para mim através do Tribuna, e estarei feliz em ajudar. Mas não posso responder a perguntas específicas sobre a saúde do seu filho, claro.
Agora, quero lhe falar de uma pesquisa que fará você pensar um pouco. Se trata de lesões na cabeça que resultam das crianças praticando esportes de contato físico. Os jovens adultos que morreram de diversas causas e que praticaram esportes de contato em sua infância, no colégio ou na faculdade, foram estudados. Quase metade tiveram evidências moderadas de encefalopatia traumática crônica (ETC), que nos jogadores profissionais de futebol americano em particular está relacionada a graves lesões cerebrais e, às vezes, à morte prematura. Quase todos os jovens adultos com ETC eram sintomáticos, mas também havia algumas pessoas que não tiveram ETC, tornando incerta a importância dessas descobertas. A conclusão foi que os sintomas, incluindo as mudanças de humor e comportamento, eram comuns em atletas que praticavam esportes de contato, e esses sintomas eram reversíveis com os cuidados próprios. Ainda não sabemos realmente se uma lesão cerebral moderada é reversível ou se piora na medida em que o paciente envelhece.
Outros estudos analisaram a questão mais específica de recuperação após uma concussão. Um artigo conclui, “Não há evidências de diferenças clínicas significativas no QI após uma concussão pediátrica”. Outro sugere que a recuperação lenta pode estar relacionada a outros fatores não reconhecidos antes da lesão na cabeça, como ansiedade.
O importante é que, embora não estejamos mais ignorando a possibilidade de uma lesão a longo prazo resultante de uma lesão na cabeça durante a infância, também não estamos exagerando a possibilidade. Em particular, as crianças que continuam tendo dores de cabeça ou fadiga devem continuar sendo monitoradas. Fale com seu pediatra. Seu filho pode ser encaminhado para uma avaliação especial. Decidir se seu filho deve voltar a praticar esportes não é simples, mas você pode obter ajuda com sua decisão.
Robert B. Golenbock, MD, está atualmente aposentado. Ele cuidou de crianças na área de Danbury por 43 anos, incluindo no Centro de Medicina Pediátrica. O CPM está localizado no endereço 107 Newtown Rd #1D, Danbury, CT 06810. Para mais informações, por favor ligue para (203) 790-0822 ou acesse https://centerforpediatricmedct.com.