Três Falácias e a Verdade Sobre as Vacinas

O Comitê da Saúde Pública de Connecticut recentemente ouviu depoimentos públicos sobre o HB6423 e o SB568 — projetos de lei que removeriam a dispensa religiosa (a dispensa médica devidamente permaneceria intacta) da vacinação para comparecer à escola.

Por Kerri M. Raissian, Ph.D. and Dr. Jody Terranova

O Comitê da Saúde Pública de Connecticut recentemente ouviu depoimentos públicos sobre o HB6423 e o SB568 — projetos de lei que removeriam a dispensa religiosa (a dispensa médica devidamente permaneceria intacta) da vacinação para comparecer à escola. A dispensa religiosa permite que pais efetivamente excluam seus filhos da exigência de tomar a vacina. Com isso, essas famílias ainda podem enviar seus filhos às escolas, creches, faculdades e acampamentos de Connecticut. Isto põe outras crianças em risco de contrair doenças que poderiam ser prevenidas com a vacinação, e é imperativo que o poder legislativo de Connecticut remova esta exceção.

Nós ouvimos aos depoimentos, e um de nós teve a sorte de dar um depoimento. A grande maioria dos depoimentos foi dada por uma minoria bem vocal em apoio à dispensa religiosa (como a pesquisa acima mostra, a maioria dos cidadãos de Connecticut apoiam a revogação da dispensa religiosa). Grande parte dos depoimentos estavam repletos de incorreções factuais. Nós abordamos três falácias que foram repetidas durante os depoimentos.

1ª falácia: Se as pessoas em pró das vacinas as tomarem, então não haverá ameaça de saúde pública daqueles que decidirem não tomar a vacina.

Isso está errado. As vacinas são incríveis, mas não milagrosas (por exemplo, duas doses da vacina de sarampo têm aproximadamente 97 por cento de eficácia na prevenção do sarampo). As vacinas agem melhor quando toda a comunidade está imunizada. As vacinas reduzem os níveis virais em nosso ambiente reduzindo o número de hospedeiros humanos, e isto junto com a proteção pessoal oferecida pelas vacinas é o que leva à erradicação de doenças como a poliomielite e o sarampo.

A popularidade crescente da dispensa religiosa está prejudicando a imunidade da comunidade de Connecticut. As crianças nas creches de Connecticut estão cada vez mais optando pela dispensa religiosa desde 2012, com uma pequena queda no último ano. Há também uma variação local perigosa. Connecticut possui baixas taxas de vacinação. Os dados de nível escolar mostram que várias escolas estão bem abaixo das taxas de vacinação recomendadas, e que além disso, a dispensa religiosa – ao contrário da dispensa médica – explica as baixas taxas de vacinação.

2ª falácia: A integração de curas naturais (como sono, dieta, meditação e outras estratégias para fortalecer o sistema imunológico) poderia desafiar ou até superar os benefícios de proteção das vacinas.

Estas medidas saudáveis são essenciais para promover o bem-estar, mas não podem prevenir o sarampo, a caxumba, a catapora, a poliomielite e outras doenças fatais que podem ser prevenidas com a vacinação.

As vacinas são a melhor forma comprovada de prevenir as doenças; elas protegem aqueles que estão vacinados e, consequentemente, aqueles com barreiras médicas legítimas contra as vacinas.

Ironicamente, os não-vacinados estão se beneficiando com a imunidade comunitária criada pela vacinação de todos os outros, mas agora, sua inconformidade está ameaçando esta rede de segurança. Há pessoas que dependem desesperadamente desta imunidade comunitária, portanto, o restante de nós tem uma obrigação moral de ser vacinado. Esta é uma responsabilidade que não deve ser evitada ou menosprezada.

3ª falácia: As vacinas causam lesões graves generalizadas.

As vacinas são, em grande parte, seguras. O CDC declara que as vacinas são um dos maiores avanços médicos de nossas vidas, e seu sucesso nos protege das consequências devastadoras de várias doenças infecciosas. Porém, as vacinas não são 100% seguras para cada pessoa, e às vezes, há riscos. Para monitorar o risco, nós temos o Sistema de Informação da Vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacinação (VAERS). Durante a audiência, um relatório antigo de 2010, que revelou que quase 1 por cento de eventos adversos de vacinas foram relatados ao VAERS, foi citado repetidamente como prova de lesões graves causadas por vacinas.

Este é um exemplo do mau uso irresponsável da ciência. Em primeiro lugar, um evento adverso não é uma lesão grave causada por vacinas. Um evento adverso pode ser uma enxaqueca ou um braço dolorido, o que é preferível sobre qualquer doença que pode ser prevenida com a vacinação. O VAERS foi criado como um sistema de aviso prévio para detectar possíveis problemas de segurança, mas também é uma coleção de relatórios não-verificados de eventos adversos e foi mau utilizado. Nós damos ênfase ao fato de que todas as vacinas exigidas pelo HB6423 e pelo SB568 são bem-estabelecidas, eficazes e completamente seguras. Para crianças que possuem contraindicações médicas, a dispensa médica apropriada permanecerá como uma opção.

A verdade: As vacinas são seguras e salvam vidas. Esta lei não exige que as pessoas sejam vacinadas. Ela exige que crianças que comparecem nas escolas, nas creches, nos acampamentos e na faculdade e convivam com outras pessoas sejam vacinadas. Se opor a esta intervenção médica possui implicações pessoais, mas isso é preferível a uma ameaça de saúde pública. A escolha de uma pessoa ou de uma família não deveria gerar uma grave consequência comunitária. O poder legislativo de Connecticut precisa intervir antes que outra criança inocente adoeça com uma doença que poderia ser prevenida com a vacinação.

Kerri M. Raissian, PhD, é uma professora adjunta de política pública na Universidade de Connecticut e a vice-líder da Filial de Connecticut da Scholars Strategy Network. Dra. Jody Terranova é uma professora adjunta de pediatria na Escola de Medicina da Universidade de Connecticut e presidente-eleita da Filial de Connecticut da Academia Americana de Pediatria.