Somos Aqueles por Quem Estávamos Esperando

Durante os debates presidenciais (que parecem ter acontecido há uma eternidade, durante a eleição mais longa de todas), o ex-vice-presidente Joe Biden disse que ele e o ex-presidente Barack Obama "cometeram um erro" ao não alcançarem a reforma imigratória abrangente durante seu mandato.

Por Emanuela Palmares

Durante os debates presidenciais (que parecem ter acontecido há uma eternidade, durante a eleição mais longa de todas), o ex-vice-presidente Joe Biden disse que ele e o ex-presidente Barack Obama "cometeram um erro" ao não alcançarem a reforma imigratória abrangente durante seu mandato.

Você diz “tomáte”, e eu digo tomate. Você diz "erro," e eu digo "falta de ação consciente."

A administração Obama-Biden jogou a culpa unicamente nos Republicanos que se opuseram a uma reforma mais ampla. Mas os próprios Obama e Biden contribuíram para a falta de ação, fazendo cálculos políticos que deixaram os esforços legislativos deteriorarem durante seu primeiro mandato, forçando Obama a confiar fortemente em ações executivas, que foram desfeitas durante a Administração Trump.

A Administração Obama-Biden marcou recorde pela remoção de imigrantes condenados de crimes sérios. Alguns críticos da esquerda o nomearam de "deportador-chefe."

Durante seu mandato, o orçamento para reforço de leis imigratórias saltou em um momento para uma quantia assustadora de $18 bilhões de dólares anuais.

Para sermos justos, de acordo com um estudo do Instituto de Política de Migração, em geral, 5,2 milhões de pessoas foram deportadas sob Obama, comparadas às 10,3 milhões sob o ex-presidente George W. Bush e às 12,2 milhões sob o ex-presidente Bill Clinton.

Então, vem a Lei de Cidadania Americana de 2021 de Biden, um "desejo profundo de reforma imigratória" que parece ser um sonho, depois de quatro anos no escuro profundo, mas que foi possível apenas porque a Lei não menciona a palavra "A" (anistia).

Na empolgação pelo anúncio da Administração Biden quanto à Lei de Cidadania Americana de 2021, não esqueçamos que ter um controle democrata completo do Congresso, além de Biden na Casa Branca, não garante automaticamente que uma reforma imigratória significativa acontecerá.

A única esperança para a comunidade de imigrantes não está na união de Republicanos e de Democratas; está no poder do voto latino, e está nos americanos naturalizados não esquecerem de suas dificuldades como imigrantes não-documentados e falarem pelos que não podem.

Os imigrantes foram deixados de lado nos mandatos de Bush-Cheney, de Obama-Biden e de Trump-Pence devido a um número de fatores que, visível a olho nu, entram nas linhas partidárias: xenofobia alimentada pelo 11 de setembro, ansiedade para acalmar os medos da direita num período político transitório e o aumento de supremacistas brancos vocais disfarçados com bandeiras do Trump.

Mas se olharmos mais de perto, há um denominador comum - a crença de que o voto latino não vale o risco político. Porém, neste ano, a Georgia elegeu dois senadores americanos democratas, e de repente, há algo tangível a ser ganho.

De acordo com um relatório da NBC News, os latinos não foram o motivo pelo qual Warnock e Osoff derrotaram os republicanos Kelly Loeffler e David Perdue. Os eleitores negros foram vitais, mas os latinos foram parte de uma infraestrutura e coligação multicultural vital.

De acordo com Bernard Fraga, um professor adjunto de ciências políticas na Universidade de Emory e autor de The Turnout Gap: Race, Ethnicity and Political Inequality in a Diversifying America, 78 por cento dos latinos que votaram na eleição votaram também nas eleições de desempate para o Senado.

Então, como sempre tem sido, somos nossa única esperança. Estamos gratos pela direção positiva da administração Biden para uma reforma imigratória significativa, mas não esqueçamos: somos aqueles por quem estávamos esperando. Georgia nos provou isso.