Seu Gênero Não Define Seu Futuro

O kicker do Kansas City Chiefs, Harrison Butker, recentemente fez um discurso de abertura que iniciou um debate nacional sobre as atitudes relacionadas ao gênero.

Por Cara During, Chief Program Officer

Embora ligado à sua fé, a controvérsia engloba seus pontos de vista sobre os papéis de gênero. Butker mencionou "ideologias de gênero perigosas" e "valores culturais degenerados".

Ele pediu que os homens "tenham orgulho e não peçam desculpa por sua masculinidade", o que, embora não seja inerentemente prejudicial, pode ser associado a atitudes negativas. Um recurso maravilhoso para uma masculinidade saudável é uma organização chamada A Call to Men.  É uma organização que promove a masculinidade positiva desafiando atitudes prejudiciais e edificando aspectos positivos.

Butker ainda disse, “Eu penso que são vocês, mulheres, que tiveram as mentiras mais diabólicas direcionadas a vocês. Alguns de vocês podem ter carreiras de sucesso no mundo, mas eu aposto que a maioria de vocês seriam mais felizes com seu casamento e com os filhos que vocês trariam a este mundo. Eu espero que essas palavras sejam vistas como aquelas de um homem, não muito mais velho que vocês, que sente que é imperativo que essa classe, essa geração, nessa época de nossa sociedade, pare de fingir que as coisas que estamos vendo ao nosso redor são normais”.

As normas de gênero rígidas são crenças e atitudes socialmente construídas sobre os papéis das pessoas na sociedade com base em seu gênero e podem levar a assédio, discriminação ou violência àqueles que não seguem as mesmas. Essas expectativas formam crenças e ações, que intersectam com a sexualidade e os relacionamentos. Atitudes prejudiciais incluem crenças a respeito da dominância masculina e a submissão feminina.

O Centro de Controle de Doenças identifica “Crença em papéis de gênero rígidos (ou seja, a dominância e a agressão masculina nos relacionamentos)”[1]:  “Normas de gênero tradicionais e desigualdade de gênero (ou seja, a ideia de que mulheres devem ficar em casa, não entrar para o mercado de trabalho, e serem submissas; de que homens devem sustentar a família e tomar as decisões)”[2][3] e “hiper masculinidade”[4] como fatores de risco para abuso sexual e violência contra parceiros íntimos.

O gênero é um aspecto da identidade, que intersecta com raça, etnia, religião, orientação sexual, idade, capacidade, status socioeconômico e cultura. Tais interseções impactam as experiências de vida e o acesso a recursos para trauma ou violência.

O discurso de Butker, embora enraizado em suas crenças pessoais, destaca um problema social muito maior. Ele menospreza a necessidade por diálogo e educação contínua sobre os papéis e expectativas de gênero. Todos devem ter a liberdade de escolher seu caminho sem que estejam presos a normas de gênero ultrapassadas e perigosas. O Centro de Empoderamento e Educação (CEE) acredita que todas as pessoas devem buscar o caminho que julgarem ser melhor para elas, seja na paternidade, na carreira profissional, no casamento, ou em nenhum desses.

Acabar com os estereótipos de gênero perigosos é um passo crucial para impedir a violência interpessoal e criar uma sociedade onde todos podem prosperar e ter sucesso. A educação é o segredo para essa transformação e o CEE fornece programas nas escolas que ajudam a cumprir esse objetivo. Se você tem interesse em agendar um de nossos programas em sua escola, associações juvenis ou em algum outro lugar, por favor acesse nosso site www.thecenterct.org para mais informações.

Fontes:

  1. Stith, S. M., Smith, D. B., Penn, C. E., Ward, D. B., & Tritt, D. (2004). Fatores de risco para a perpetração de abuso de parceiros íntimos e vitimização: uma pesquisa meta analítica. Agressão e Comportamentos Violentos, 10(1), 65-98.
  2. Matjasko, J. L., Niolon, P. H., & Valle, L. A. (2013). O papel dos fatores econômicos e o apoio econômico em prevenir e escapar da violência contra parceiros íntimos. Análise e Gestão em Papel Acadêmico, 32(1), 122- 128.
  3. Heise LL, Kotsadam A. Correlações multinacionais e multiníveis da violência contra parceiros íntimos: uma análise dos dados de pesquisas de opinião. The Lancet Global Health. 2015 Jun 1;3(6):e332-40.
  4. Tharp, A. T., DeGue, S., Valle, L. A., Brookmeyer, K. A., Massetti, G. M., & Matjasko, J. L. (2013). Uma análise sistemática qualitativa sobre os fatores de risco e proteção da perpetração de abuso sexual. Trauma, Violência e Abuso, 14(2), 133-167. https://doi.org/10.1177/1524838012470031

 

 

Artigo escrito por Cara During, Diretora de Programas do Centro de Empoderamento e Educação.